quarta-feira, 5 de junho de 2013

O Novo Gestor de Pessoas Precisa ser um maestro

O Novo Gestor de Pessoas
Precisa ser  um maestro

Um dos mais renomados pensadores brasileiros na área de gestão de pessoas, Mario Sergio Cortella é professor, escritor e filósofo, atuando ainda como palestrante e consultor para empresas que buscam uma melhor inserção no complexo mundo em que vivemos. Segundo ele, que acabou de lançar mais um livro, “Vida e Carreira: um Equilíbrio Possível?” em parceria com o consultor Pedro Mandelli, o novo gestor de pessoas é aquele que, mais do que administrar gente, consegue atuar como um maestro da pluralidade organizacional:
“Ao reconhecer e dar vazão à pluralidade na organização, o gestor de pessoas consegue fazer com que as pessoas se elevem e alcancem os objetivos da organização. Um gestor de pessoas exerce a liderança não com exclusividade, mas como desenvolvedor das competências das pessoas”, explica Cortella.
Nesse sentido, assinala o consultor, as empresas precisam superar o mito de que o bom líder ou gestor trata a todos “da mesma forma”. As pessoas são diferentes, têm necessidades diferentes e buscam coisas diferentes na vida, daí porque o gestor precisa de uma sensibilidade especial no sentido de detectar as diferenças entre as pessoas:
“Esse gestor cada vez mais necessário nas empresas desenvolve atividades gerenciais, mas não apenas isso; pratica ações pedagógicas, mas não somente isso; é um verdadeiro coaching, mas não se limita a isso. O bom gestor de pessoas desenvolve um conjunto de práticas que faz com que a gestão de pessoas seja um diferencial competitivo nas boas organizações”, lembra Cortella.
Para o professor, ao final das contas, a grande missão de um bom gestor de pessoas é o manejo do estoque de conhecimento de uma organização:
‘Cada colaborador tem um determinado tipo de conhecimento, que tanto pode ser tácito quanto explícito. Poucas empresas sabem que esse conhecimento é o seu maior ativo, pois ele não é commodity. Afinal, processos, equipamentos, aplicativos e insumos, tudo isso pode ser copiado e imitado. Mas o conhecimento que uma organização detém é o seu grande diferencial”, explica Cortella.
Nesse sentido, um gestor de pessoas da modernidade não pode cair na armadilha de entender as pessoas apenas como “recursos” humanos. Mais que isso, o gestor de pessoas, lembra Cortella, é um gestor de talentos e promove  o desenvolvimento das pessoas:
“Os profissionais de RH estão descobrindo que uma das medidas do conhecimento de uma organização é justamente a capacidade que a empresa tem de integrar  as inteligências individuais em uma grande inteligência comum, o que só é possível se as pessoas se engajarem de modo voluntário na construção desse fenômeno e tiverem as condições para isso” alerta Cortella.
 Segundo o pensador, embora esse seja um fenômeno comum no Brasil, os gestores de pessoas, estejam ou não em RH, precisam compreender que as questões de liderança remetem ao uso do poder  
Na organização. Ele lembra que a melhor definição para “poder” é a de “servir” os outros. Se o gestor de pessoas credita que o poder que ele acumula é para ser usado em benefício próprio, a equipe, a equipe, os colaboradores e a empresa vão sofrer:
“Quem usa o poder para se servir, não serve”, sentencia Cortella, assinalando que, por ser um serviço, o poder precisa ser entendido e aceito pelo coletivo, o que implica, antes de mais nada, em um amplo processo de negociação que nunca pode se limitar à imposição da vontade de uma ou outra pessoa.
Para o autor, o bom gestor de pessoas já compreendeu que a melhor regra em uma organização não é aquela que diz: “cada um por si e Deus por todos”, mas, antes, “ um por todos e todos por um”:
“A visão feitoral, do feitor, oriunda da escravidão, começou a ser superada no Brasil há 30 anos. Isso mostra que a formação de gestores de pessoas com perfil diferenciado, mais aberto, democrático, predisposto a ouvir o outro, é coisa relativamente recente. Além disso, herdamos o modelo de gestão americano, baseado no fordismo. Mas essa percepção começou a ser rompida porque o modelo se exauriu, todos sabem que ele leva ao stress. Temas como respeito no trabalho, qualidade de vida, começaram a ganhar prevalência e passaram a exigir uma nova visão da gestão de pessoas, o que nos leva a perceber que o novo gestor de pessoas está em processo de construção”, assinala Cortella.
Mais do que capataz, o novo gestor de pessoas é uma espécie de “mestre de obras”, alguém que coordena as atividades de determinadas pessoas visando à construção de um bem maior. Os mestre têm domínio sobre determinado tema e fazem com que o coletivo caminhe em uma única direção, visando um único objetivo. Para Cortella, construir esse tipo de gestor não é fácil, é um processo longo, que vai exigir mudanças culturais.
Pensar igual – Muitos gestores acreditam que a unidade de direção se consegue a partir do momento em que todos pensam da mesma forma. Cortella assinala que essa visão é perigosa, pois se todos pensam da mesma forma, a equipe pode estar deixando de ver coisas importantes que só os diferentes conseguem enxergar:
“A melhor frase que define essa situação é: “aqui pensamos todos de forma diferente, mas agimos em conjunto”. Em outras palavras, a regra mais importante é diversidade na reflexão e unidade na ação. Pois é somente a diversidade de reflexão, em um mundo cada vez mais complexo, que nos conduz  às mudanças de rumo que os mercados competitivos cada vez mais demandam”, conclui Cortella.

Publicação da ABTD/PR, ANO II

Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento do Paraná. Abril 2012. 

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